Autor: Artur
Xexéo
País de Origem: Brasil
País de Origem: Brasil
Número de
Páginas: 264
Ano de Lançamento: 2017
Ano de Lançamento: 2017
ISBN:
978-85-7684-950-6
Editora: BestSeller
Editora: BestSeller
Acompanhei vários programas da Hebe
pela TV e a admirei ainda mais quando pude estar presente na gravação de um
deles. Era o dia 12/04/2010 e embora eu tenha ido interessada na apresentação de
um dos meus ídolos (Alejandro Sanz), reconheço que fiquei impactada ao ver uma
das apresentadoras mais famosas do Brasil. Mesmo debilitada pelo diagnóstico de
câncer e sempre amparada pela produção do programa devido a dificuldade para se
locomover, Hebe se mostrou extremamente carismática: sorria, brincava e dava atenção
a todos, o que me fez admirá-la no momento em que a vi. Assim que soube do
lançamento de sua biografia, me interessei pela leitura, já que gostaria de
conhecer mais sobre essa mulher tão guerreira.
Primeiramente, Artur Xexéo descreve
como Hebe entrou em sua vida: sua avó era fã dela. Comenta também que trabalhou
em sua estreia na TV Bandeirantes, recebeu um agradecimento da apresentadora e
acredita que o livro seja uma celebração à vida e a própria Hebe.
“[...] o programa apresentou para o público uma mulher descontraída, de raciocínio rápido, piadista, brincalhona, divertida, dona de uma risada contagiante. Não era esse o perfil dos entrevistadores de televisão nos primórdios”. – página 56 (referindo-se ao programa O mundo é das mulheres, que estreou em 1955).
Ao longo do livro, revela Hebe Maria
Monteiro de Camargo (cujo nome se refere a deusa da juventude) insegura pela falta
de estudo e pelas críticas, mas determinada em proteger e ajudar a família. A amizade
com Nair Bello, Lolita Rodrigues e Agnaldo Rayol marcam presença, assim como
alguns namorados: o que a presenteava diariamente com uma rosa vermelha que se
tornou sua flor preferida, o romance conturbado com Luis Ramos e os casamentos
com Décio Capuano (em 1964) e Lélio Ravagnani em 1973.
O convite para participar da
primeira transmissão de televisão em 1950 e a carreira como cantora a fizeram
conhecida, mas o sucesso realmente aconteceu como apresentadora de TV, já que seus
programas se tornaram quase que obrigatórios para as celebridades assim como também
espaço para apresentar novos talentos, como Paulinho da Viola.
“Há os que querem, mas não podem. Há os que podem, mas não querem. Nós queremos e podemos. À vida”. – página 143.
São descritas duas entrevistas não
exibidas por problemas com os entrevistados e algumas situações bem engraçadas,
que a apresentadora contornava com sua gargalhada e irreverência. Ainda assim,
nem tudo são flores na vida dela: Hebe foi vaiada em um festival de música, perdeu
audiência em determinados períodos e esteve fora do ar por alguns anos, teve
problemas em várias emissoras pelas quais passou, algumas discussões por suas opiniões devido a personalidade forte, mas sempre se reerguia. Enfrentou tratamento complicado
na luta contra o câncer e faleceu após uma parada cardíaca em 2012.
Na metade do livro, há algumas fotos
retratando a vida e a carreira de Hebe, desde o início da carreira, o nascimento
do filho Marcello, ao lado de Xuxa na gravação de seu programa e até
após receber alta do hospital, em 2012.
As declarações sinceras de Marcello
me surpreenderam demais, assim como os depoimentos de Claudio Pessutti
(sobrinho de Hebe) e vários artistas como Xuxa Meneghel, Tom Cavalcante, Gloria
Pires e Eliana também acrescentaram bastante à narrativa.
Eu gostei muito, recomendo a quem
goste de biografias ou simplesmente queira saber mais sobre a mulher que esteve
presente em quase toda a trajetória da TV no Brasil. Como se
propôs no início da carreira, Hebe conseguiu ajudar e manter sua família, mas
além disso foi pioneira em seus programas e teve sucesso na carreira,
tornando-se conhecida por suas entrevistas espontâneas, pelas declarações polêmicas e
corajosas, pela expressão “que gracinha!” e também por distribuir rosas e até “selinhos”
aos convidados de seu programa.
“Gosto mesmo é do imprevisível, do inesperado e das surpresas que fatalmente acontecem nos programas ao vivo. Preciso trabalhar assim para estar feliz e passar alegria para o meu público”. – página 213.
Só acho que o livro deveria ter sido
escrito enquanto Hebe estava viva, para que ela pudesse perceber o quão longe a
menina que não concluiu o primário pôde chegar e o quanto era admirada pelas
pessoas.
Um pouco sobre
o autor: Carioca, 65 anos e formado em
Comunicação Social, Artur Xexéo é jornalista há quase 40 anos. Nesse período,
trabalhou nas redações do Jornal do Brasil, do Globo e das revistas Veja e Isto
É. Autor da biografia Janete Clair: A usineira de sonhos e do livro de crônicas
O torcedor acidental, da Globo News e da Rádio CBN e colunista do jornal O
Globo. Autor teatral, escreveu os musicais Nós sempre teremos Paris e Cartola:
O mundo é um moinho. Foi roteirista dos seriados de TV Pé na cova e Sexo e as
Negas, da Rede Globo. E espectador a vida inteira dos programas de Hebe
Camargo.