Memorial de Aires (Machado de Assis)

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Ficha técnica:
Nome Original: Memorial de Aires
Autor: Machado de Assis
País de Origem: Brasil
Número de páginas: 224
Ano de Lançamento: 1908
Ano dessa edição: 2009
ISBN: 978-85-254-0960-7
Editora: L&PM Pocket
SKOOB

Eu sou fã de carteirinha de Machado de Assis desde que me lembro, meu autor favorito de todos os tempos. Faltam poucos livros pra eu ler toda sua obra e "Memorial de Aires" era um deles. E que leitura maravilhosa, adoro ser surpreendida por autores que amo.
Não há como a paixão do amor para fazer original o que é comum, e novo o que morre de velho. (pag. 197)
Essa obra é a ultima de Machado, escrita quando ele tinha 69 anos, alguns meses antes de sua morte. Vemos um Machado mais maduro, eu diria inclusive que menos critico do que em suas obras anteriores. Nessa época já era viúvo e isso também se reflete nessa obra em especial.
A vida, mormente nos velhos, é um ofício cansativo. (pag. 68)
A história se passa no Brasil de 1888 e 1889, concomitante com a abolição da escravatura (ocorrida em maio de 1888) e os primeiros efeitos dela na sociedade da época.

O narrador, Aires, é um aposentado de sessenta e poucos anos que viveu na Europa quase toda vida e lá trabalhou. O texto é escrito em forma de diário, e o próprio Machado aponta essa particularidade numa advertência antes de começar o livro, dizendo que o livro vai como está, porque não o quis fazer nem tinha habilidade para tanto (obviamente ironia tão marcante de nosso grande escritor).
Tudo se atenua assim neste mundo, e ainda bem. (pag. 104)
Eis que os fatos se passam no Rio de Janeiro, no Catete, no Flamengo, em Petrópolis e em Botafogo. Aires e sua irmã Rita são amigos da família Aguiar, apenas marido e mulher sem filhos, os quais tem grande amizade com Fidélia, também chamada de viúva Noronha. A viúva é jovem e recém enviuvada tendo também retornado a pouco da Europa. Aires e sua irmã apostam sobre a manutenção ou não de sua viuvez, sendo que Aires aposta que não, que logo se casa. A família Aguiar, por não ter filhos, é muito apegada a Fidélia, que é órfã de mãe e renegada pelo pai devido ao casamento não aceito por este. Em outras épocas, a família também era muito apegado a Tristão, de quem eram padrinhos, mas ele vai para a Europa estudar e não retorna. Aires me parece uma pessoa muito tranquila e bem quista por todos. E esse é o sentimento trazido em todo o livro. Muito se fala das qualidades das pessoas, principalmente das qualidades de Fidélia. Para surpresa dos Aguiar, chega uma carta de Tristão avisando que está vindo visitá-los por agluns meses. Quando ele chega, há grande alvoroço, e fica o suspense no ar se haverá ou não um romance entre ele e a jovem viúva.
Em verdade, dá certo gosto deitar ao papel coisas que querem sair da cabeça, por via da memória ou da reflexão. (pag. 125)
Eu particularmente gostei muito do livro, não apenas por ser obra de Machado, mas por me transportar para àquela época e para àqueles costumes. O texto muito bem escrito e por diversas vezes mais rebuscado do que estamos acostumados, mas ouso dizer que isso é enriquecedor e deve ser motivo de nos motivar ainda mais a leitura. Também é um texto engraçado, algumas vezes Aires fala com o papel e deixa notas para que leiam após sua morte.
Respondeu-lhes o rei que era melhor ficarem amigos de longe; amigos ao pé seriam como aquele penedo contíguo ao mar, que batia nele com violência. (pag. 188)
Detalhe sobre esta edição que eu li, nota 10 para a L&PM Pocket pela introdução tanto da vida de Machado quando do contexto histórico e um mapa da cidade da época.

"Memorial de Aires" é uma obra curta e muito gostosa de ler, aconselho a você que mergulhe nessa leitura também.


Um pouco sobre o autor: Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia Brasileira de Letras, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis. Filho do operário Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência. Foi criado no morro do Livramento. A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901). Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses(1870) e Histórias da meia-noite (1873); os romances Ressurreição(1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico. A partir daí, Machado de Assis entrou na grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa.
A obra de Machado de Assis é bem extensa, e pra quem tem interesse, o MEC a disponibiliza para leitura on line ou para baixar em PDF. Basta acessar AQUI em PDF ou leitura on line.



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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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