MENINO DE OURO (Abigail Tarttlein)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 67º livro lido em 2013 e foi MENINO DE OURO (Abigail Tarttlein). Eu vi na internet uma foto promocional do livro e apenas aquela foto me fez entender que eu DEVERIA ler o livro e não, eu não sabia do que se tratava. Apenas desconfiava. Dias depois, li uma resenha sobre o enredo e não pensei duas vezes em me entregar completamente à leitura.
O livro nos traz o Max, um garoto de 16 anos que aos olhos das pessoas que o cercam é a imagem real de um menino perfeito: ele é estudioso e se dá muito bem na escola e com os professores; ele é um dos melhores jogadores de futebol do seu time; é um filho carinhoso, educado e um exemplo para o seu irmão de 10 anos. Tem algumas namoradinhas na escola, mas nada muito sério, nada que não seja completamente normal para a sua idade. Mas claro, a vida do Max não é perfeita e já no início do livro eu fui apresentada à sua condição: Max é intersexual, o que popularmente é conhecido como hermafrodita. Ele tem os dois sexos e os pais de Max tentam viver essa realidade com ele de uma maneira "normal", sem muito conversar, sem chamar muito a atenção para esta realidade até que algo muito, mas muito ruim acontece e eles tem que lidar com as consequências do pouco diálogo que tiveram sobre a condição de Max.
O livro é narrado sob a perspectiva de vários personagens envolvidos no enredo: Karen, a mãe de Max; Daniel, o irmão mais novo dele; Silvye, a garota por quem Max está apaixonado e a médica Archie, a pessoa que Max procura quando conclui que precisa de ajuda. Mais pro final do livro, um outro personagem também complementa a história com sua perspectiva e na minha opinião, foi o panorama mais emocionante de todos.
Max se esforça o livro inteiro para passar a imagem que é um adolescente normal porque o medo de não ser aceito é monstruoso e o perturba o tempo inteiro e conforme o desenrolar da história acontece, percebemos que em maior ou menor escala, todas as pessoas envolvidas fazem o mesmo, por si mesmas ou pelo próprio Max, mas toda a situação que eles estão vivendo é muito desgastante.
O livro tem uma narrativa melancólica mas ritmada. Os acontecimentos nos são passados de forma que percebemos as palavras e situações ganharem ritmo e conforme a situação vai se resolvendo, um alívio maravilhoso vai nos direcionando para um final bem construído e totalmente crível para uma história que nos choca em função de toda a realidade diferente que ela apresenta.
Eu nunca tinha lido nada sobre o assunto e acredito que a autora tenha se dado a um trabalho intenso de pesquisa para nos apresentar um protagonista tão humano e tão próximo de nós. O livro tem algumas passagens reflexivas sem a pretensão de ser filosófico,  mas em vários momentos da leitura eu me vi pensando em como eu reagiria se estivesse vivendo alguma coisa parecida com aquilo. O livro me levou para dentro das suas páginas e me fez perceber que o diferente sempre causará um primeiro impacto de vulnerabilidade em nós, mas que precisamos ir além dos padrões estabelecidos e nos dar o direito, a oportunidade de conhecer um pouco o que muitas vezes, preconceituosamente, não nos permitimos aceitar.
Super recomendo a leitura mas não acredito que todas as pessoas vão gostar da história. É algo bonito de se ler, mas sobretudo, é algo que vai na contra mão da nossa tão frágil zona de conforto.
Eu só tenho uma coisa a dizer: o livro é MUITO bom!!! 

A escuridão não é sequer a perda de visibilidade. É apenas uma mudança de cor, de tom. É a mesma coisa que o dia, com uma tonalidade diferente. página 34

Andamos mais um pouco e minha mãe diz, meio que para si mesma:"Eu me pergunto se todos os pais surtam tanto quando seus filhos crescem." "Você admite que está surtando?" - pergunta meu pai. "Você admite que eu estou crescendo?" — pergunto e meu pai ri. página 247

Ele disse que estava feliz por eu ter pensado em tudo. Só que não pensei. Tenho tentado não pensar em nada tanto quanto for humanamente possível. página 308


Um pouco sobre a autora: Abigail Tarttelin nasceu em Grimsby , na Inglaterra. Aos dezesseis anos, ela treinou com o Teatro Nacional de Juventude da Grã-Bretanha e da New York Film Academy, uma escola na França, atuando em mais de 20 curtas-metragens. MENINO DE OURO é o seu único livro publicado no Brasil.
Comentários
5 Comentários

5 comentários :

  1. Olá Ivi, tudo bem??
    Nossa amiga, que historia é essa??
    Estou encantada por ela, um assunto tão "mistificado", fiquei surpresa ao ler sua resenha e ver que o livro se tratava deste assunto,e achei isto super interessante.Não conhecia o livro,mas com certeza irei adquiri-lo.
    Parabéns pela resenha!!

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  2. Sua resenha me deixou super curiosa, a autora foi muito corajosa em tratar desse assunto delicado, ponto pra ela. Com certeza vou ler, parece ser um ótimo e bem escrito livro.
    Beijos!

    http://livrosmeuparaiso.blogspot.com.br/

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  3. Não conhecia o livro, e conforme fui lendo sua resenha fiquei pensando no drama do garoto e como todo este esforço em "não falar" é prejudicial. Gostei e vou procurar saber mais dele.
    Bjs, Rose

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  4. Nunca ouvi falar deste livro também. Tem tantos livros maravilhosos que nós não conhecemos, e quando os descobrimos ficamos loucos por eles. Gostei da resenha.

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  5. Também nunca li nada desse tema, mas deve ser muito difícil escrever sobre isso, fiquei com vontade de ler o livro, amei os cotes. Bjs

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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